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Perspectivas para o varejo em 2022

Promovido anualmente pela National Retail Federation (NRF), o maior evento do varejo, Retail’s Big Show, ocorrido em janeiro deste ano, em New York, EUA, debateu diversos temas, como o papel da loja física, evolução do e-commerce, diversidade, sustentabilidade, liderança, novo consumidor, ecossistemas, tecnologia. A omnicanalidade, já conhecida pelo varejo, também foi analisada, porque, em virtude da pandemia, essa estratégia vem se concretizando para atender o consumidor atual.

Alguns assuntos não são recentes, mas foi possível verificar, na prática, a evolução do varejo, pois os temas apresentados e debatidos ganharam notoriedade com a pandemia, a qual acelerou muitas mudanças de estratégias para atender o consumidor, que ficou restrito a determinadas formas de realizar suas compras. Entre eles, o metaverso, definido como um espaço coletivo e virtual compartilhado e constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e internet, foi destaque nos painéis.

Com a pandemia, ganhou notoriedade por facilitar ações e estratégias que podem ser utilizadas com a finalidade de atrair marcas e consumidores para o mundo virtual. O termo foi cunhado pela primeira vez na obra “Nevasca”, de Neal Stephenson, lançada em 1992, e, no contexto atual, é considerado como uma tendência para o varejo.

O metaverso refere-se a um espaço on-line compartilhado por pessoas que utilizam tecnologias como realidade virtual e realidade aumentada para interagir com o próprio espaço, com conteúdos e com outras pessoas por meio de avatares. Para a sócia-diretora da Moisaclab, Karen Cavalcanti, “o futuro da posse é a posse virtual”.

Ao utilizar esse universo virtual, é preciso compreender que é um ambiente de cocriação. Existe um storytelling que iniciou no e-commerce, passou pelo live commerce e pela realidade virtual e aumentada, e que se transformará no metaverso, segundo o CEO da Gouvêa Experience e da Campus Party, Tonico Novaes.

Os outros temas, já de conhecimento do varejo, também foram muito bem abordados, e isso permitiu aos participantes agregar conhecimento necessário levando-se em conta o contexto atual. Descrevo a seguir os que mais se destacaram.

Primeiramente cito qual o papel das lojas físicas. Ficou evidente para os varejistas que não desaparecerão, o que está acontecendo é que elas estão adquirindo novas funções, como hubs logísticos – locais estratégicos escolhidos pelas empresas para redistribuição e escoamento mais rápido de suas mercadorias. Quanto ao e-commerce, ele mostrou ter atingido um estágio de maturação, e fala-se em out-of-commerce, que precisa ser interativo e divertido para os consumidores das novas gerações. É fundamental saber como explorar melhor os influenciadores e o conteúdo, bem como de que forma conduzir o live commerce para que este não seja apenas uma plataforma de engajamento, mas que também traga resultados para as empresas.

O tema diversidade não é novo, mas, com a pandemia, se tornou ainda mais relevante. Apresentou-se como adotá-lo na prática. A liderança na visão dos expositores mudou, visto que ela precisa se transformar e conhecer como a nova geração almeja ser liderada ou refletir se ela quer ficar sob influência ou domínio de um líder.

Para trabalhar com o novo consumidor, o varejo precisa priorizar a empatia. Hoje o consumidor é mais atento aos propósitos e valores que norteiam o varejo, típica característica da sociedade 5.0, e isso exige deste um olhar mais cuidadoso para poder esse consumidor.

Outro painel abordou o tema de ecossistemas de negócios. Trata-se de uma inovação nos modelos de gerenciamento empresarial considerando toda a comunidade econômica que tem ligações com o trabalho realizado pelas empresas. Esse conceito gera dúvidas entre os empreendedores, em especial sobre seu significado, seus benefícios e oportunidades que ele proporciona.

É claro para o varejo que deve compreender esse sistema para manter a competitividade, acompanhar as tendências e, desse modo, obter sucesso nos negócios, pois são estruturas dinâmicas de diferentes organizações que estão interligadas e dependendo umas das outras para obterem sucesso. Assim, elas conseguem gerar valor para os clientes.

Quanto ao aspecto tecnologia, ressaltou-se que a mudança nos hábitos dos consumidores está levando os varejistas a transformar a maneira de fazer negócios. Nesse sentido, o varejo precisa ficar atento para o uso do machine learning, da inteligência artificial e da automação dos serviços de atendimento aos clientes, uma vez que tais ferramentas facilitam tanto o pagamento feito pelos consumidores na ocasião em que efetuam suas compras quanto o controle de estoque em tempo real.

Diante dos temas apresentados e do atual e complexo cenário do varejo mundial, é importante considerar as variáveis para atender o consumidor da forma que ele quer, onde quer e em qual momento, mas sempre analisando a especificidade do varejo brasileiro.

 

 

 




Estratégia do maior varejista

Para muitas empresas, apesar da pandemia de covid-19, o melhor ano da história foi 2020. Várias mudanças ocorreram no comportamento dos consumidores, que passaram a ter uma série de novas necessidades resultantes do home office e das medidas de isolamento social.

Isso levou as empresas a reverem suas estratégias em busca de crescimento ou sobrevivência no mercado. No caso dos varejistas, principalmente os das áreas urbanas e os de shopping centers, foi um ano de muitas perdas.

A Kantar, empresa com origem no Reino Unido, por meio de sua divisão de pesquisa de mercado divulgou qual foi o melhor varejista mundial no ano passado empregando uma metodologia de pesquisa na qual os pontos são atribuídos aos varejistas com base nas receitas internacionais, participação em franquias e alianças fora de suas regiões, além de capacidade de operar por intermédio de mercados on-line ou de abordagem omnichannel.

Para o varejista se qualificar para as classificações, precisava ter um investimento direto em, no mínimo, três países, sendo que pelo menos um deles não poderia ser adjacente a seu mercado doméstico. O estudo da Kantar indicou as dez primeiras maiores empresas entre as analisadas: Walmart – multinacional norte-americana de lojas de departamentos; Amazon – concentra-se no e-commerce, computação em nuvem, streaming e inteligência artificial; Schwarz – especializada em mercearias na Europa; Aldi – integra operações de sourcing global, logística internacional e comércio eletrônico; Alibaba – iniciou no mercado business-to-business fornecendo produtos a um grande número de fabricantes chineses e expandiu-se para todos os tipos de negócio, incluindo varejo; Costco – rede de clube de vendas; Ahold Dellaize – atua no segmento de mercearia on-line nos Estados Unidos e em mercados europeus; Carrefour – rede de hipermercados fundado na França; Ikea – atua no setor de móveis para residências; JD.com – competência operacional e atendimento ao cliente.

Mas qual a maior empresa de varejo em 2020 e qual sua principal estratégia? O Walmart liderou a lista do ranking dos maiores varejistas do mundo mesmo com o fechamento de lojas em vários países, entre eles, o Brasil e o Reino Unido, sendo Argentina e Japão os mais recentes. Sua principal estratégia foi focar a mudança de seu modelo de negócios para alinhar-se a uma abordagem omnichannel mais ampla, ao mesmo tempo que expandiu seus negócios para plataformas de mercado e de serviços.

A estratégia omnichannel é um conceito novo e ainda pouco compreendido. O termo é utilizado para designar a estratégia de oferecer aos clientes vários canais de atendimento com gestão de marketing integrada. Os consumidores contemporâneos estão mais informados, exigentes e querem comprar produtos quando e onde desejarem, e por diferentes canais de vendas/atendimento.

Sendo assim, uma das estratégias de marketing utilizadas pelos varejistas para acompanhar as mudanças de mercado é a diversificação dos canais de vendas/atendimento disponibilizados aos clientes (estratégia de marketing multicanal) e possibilitar a compra por meio de canais virtuais/eletrônicos. O marketing multicanal compreende a oferta de diferentes canais/meios de contato aos clientes, o que permite diversos acessos para atendimento, vendas, serviços e relacionamentos.

Acredita-se que o referido conceito tenha resultado da evolução dos conceitos de varejo multicanal e de marketing integrado. Independentemente do tamanho do negócio, os gestores de empresas do varejo devem repensar suas estratégias e oferecer diversas formas de canais de distribuição, com objetivo de estreitar e fortalecer o relacionamento com seus clientes.

 




Marketing para lojas físicas

Publicado no Jornal de Piracicaba em 03/05/2019

 

O varejo brasileiro é um segmento em grandes transformações com múltiplos canais para atender o consumidor, sua importância é indiscutível. Para o varejo na visão da grande maioria a percepção do que é marketing  está ligado  apenas na  propaganda.

Sabemos que o marketing deve ser uma filosofia dos negócios, e deve iniciar de dentro da empresa  para fora, enquanto, o público interno não souber da importância do marketing prevalecerá o marketing como sendo sinônimo de vendas, propaganda e até enganação. Em alguma medida, todas as organizações fazem marketing, a questão é que algumas o fazem de forma sistematizada, enquanto outras de forma esporádica e, até, intuitiva. Para compreender  a aplicabilidade do marketing para o varejo de lojas físicas  algumas recomendações são necessárias.

Para fazer a gestão do marketing  deve-se gerenciar o presente, esquecer seletivamente o passado e criar o futuro. Gerenciar o presente envolve conhecer o ambiente no qual a empresa está inserida, incluindo o cliente e demais stakeholders.

Esquecer  seletivamente o passado  remete a valorização das experiências acumuladas para manutenção de clientes e mercados, ao mesmo tempo em que se deve abandonar praticas que, não representam valor para o cliente e nem para organização. Criar o futuro significa praticar marketing com foco nos valores morais e éticos das organizações, assim como no seu respeito às questões socioambientais.

A nova filosofia contempla “o que é bom para a sociedade é bom para as organizações”. Tratar o cliente de forma diferenciada, identificar as diferenças de cada cliente é compreender que o mercado não pode ser julgado, mas entendido e atendido.

Dar razões para o cliente comprar mais do que preço, entender que o cliente não compra só preço ele espera receber mais do que um produto, junto do qual está à marca, a comunicação que transmita confiança, solução de problemas, satisfação, encantamento. Acompanhar e antecipar-se à evolução do mercado propicia à empresa ir além do foco “No cliente para o foco Do cliente”, descobrindo a cada processo evolutivo o que ele espera do desempenho da organização.

Definir métricas para medir a efetividade das ações mercadológicas estabelecer o retorno esperado de cada investimento de marketing  não se admitem investimentos sem medidas de resultados, principalmente da área de marketing. O varejo deve oferecer momentos especiais a seus clientes, fazendo pesquisas sobre hábitos de compra e consumo, frequência de visitas à loja, sortimento de produtos procurados.

Através dos resultados dessas pesquisas, o varejo tem subsídio para traçar adequadamente suas estratégias e táticas a serem implementadas,  que podemos exemplificar como o sortimento de itens (mix) deve estar sempre atento a melhor composição de categorias e ou produtos para  atender ao shopper-cliente. Praticar o marketing para o varejo é algo bem específico à atividade do negócio, e consequentemente desafiador, pois podemos lidar com variáveis  distintas e também complementares ao longo do processo.

O marketing não é finalizado com a venda, não é somente para grandes empresas, mas o componente mais importante para o marketing de varejo é reconhecer o cliente como a real razão de sua existência.